Sobre estar acompanhado e boas companhias

setimo-mandamento-tenha-bons-amigos-htmlNão é de hoje que se sabe que muitas pessoas não sabem ficar sozinhas, e para que tal solidão nunca as pegue de jeito, essas pessoas facilmente prolongam relacionamentos falidos, insistem em “dates” com perfis abaixo das suas expectativas ou se deixam envolver sem muitos filtros, mas dizendo sim a toda oportunidade que tiverem de estarem acompanhadas.

Já disse muitas vezes que eu gostaria de ser uma dessas pessoas que se apaixona fácil, acho lindo quem passa boa parte da vida “in love”, mesmo que esse estado de paixão dure uma semana, ou termine por algo bobo como ele usa samba canção, ou ela escuta sertanejo. Não sendo assim, vejo muito valor nos suspiros novos e em quem se emociona logo de cara por conhecer alguém interessante. Embora eu sempre tenha precisado de um pouco mais de tempo e um pouco mais de convívio para que as borboletinhas viessem me fazer uma visita singela que fosse, sei valorizar, e muito, o valor de uma boa companhia. E, consigo entender e até admirar esses que amam demais, mas o que eu nunca vou entender são os que se amam de menos. Aquelas pessoas que querem apenas estar acompanhadas, sem mais. Um cinema, um jantar, um bar, contanto que seja “lugar para dois, por favor”.

Eu nunca vou entender quem troca a companhia dos bons amigos pela possibilidade de um encontro fraco porque acha que pode indicar o início de algo pseudo sério com alguém não tão legal assim. Ah, sejamos honestas amiga, você já sabia, você sempre soube. Se o cara no primeiro encontro já fez uma piadinha machista, já se mostrou escroto com o garçom, já implicou com algum de seus amigos ou algum dos seus gostos…Esqueça, ele não é pra você. E me desculpem os superficiais, mas eu gasto um tempo considerável da minha vida pra me tornar uma pessoa melhor, com conteúdo, opinião, sentimento,  não vou perder meu tempo com alguém que senta numa mesa e não tem o que me dizer sobre si mesmo. Ou essa pessoa se acha muito desinteressante, ou de fato ela é. Ou pior, alguém que senta ao meu lado e faz com que imediatamente eu desapareça porque só sabe falar de si próprio, do eu fiz, eu fui, eu sou, eu vou. Ainda não estou alugando os meus ouvidos, e se estivesse, ia sair mais caro do que esses chopes que me ofereceram. Quem não sabe se conectar com o outro não está buscando companhia, está buscando platéia. Alguém para despejar suas frustrações ou pra se gabar dos seus feitos, e o fato é, o ato de falar em si, torna-se mais importante do que a interação com quem ouve, e sendo assim na mesa do bar, não queira levar uma pessoa dessas para dividir a cama com você.

Boas companhias soltam risos, soltam amarras, te soltam. Te despertam uma vontade de descobrir o outro, sem pressa. Porque bom mesmo é perder a noção do tempo, é perceber que o garçom veio bater no seu ombro porque você não viu que era hora de partir. É voltar para casa querendo mandar um “boa noite” porque você sente falta daquele papo que acabou de terminar e quer prolongar mais um pouquinho. É relembrar partes da sua conversa em outros grupos, e se apossar da opinião alheia de tanto que ela cativou você. Entre trivialidades e profundidades a boa companhia flui, te seduz, e pelo menos no tempo compartilhado deixa a vida um pouco mais leve e alegre. Se não houverem próximas vezes, troca de mensagens,  nem caso de amor, relaxe, nunca uma boa companhia terá sido perda de tempo.

p.s. Peço desculpas àqueles que, por falta de afinidade, por circunstâncias de humor ou casos extraordinários eu não tenha sido uma boa companhia; sigo tentando melhorar 😉

 

Controlar o incontrolável?

Se tem uma coisa que consegue nos botar pra baixo e arrasar com a nossa autoestima é sofrer uma decepção amorosa. Ninguém, definitivamente, está preparado pro corte inesperado, pra uma traição, ou outra decepção qualquer que possa envolver algum gesto muito grosseiro, sinal de desrespeito ou de que a pessoa não era quem você esperava que fosse. Dias atrás, exatamente quando eu não conseguia tirar uma dessas situações da minha cabeça, estava lendo um livro que me trouxe alguns conceitos que mexeram comigo. O primeiro deles dizia: cada um faz o que quer, você não tem absolutamente nenhum poder sobre os atos dos outros!

Ah meu deus, que simples parece isso, né! Só que não! Você já se deu conta o quão prepotente você é? Você já percebeu o quão ingenuo se torna quando acha que está realmente influenciando os outros? Você pode pedir, implorar, ou persuadir alguém, mas jamais será a sua vontade ou o seu charme o que vai prevalecer. A primeira coisa que você precisa tomar consciência é de que a pessoa que te decepcionou agiu por conta própria, não foi o que você fez ou deixou de fazer que canalizou nesta atitude. Tire esse peso dos seus ombros e volte-se somente para você. O seu poder é seu e dos seus atos, quando tomamos qualquer atitude já esperando uma resposta do outro (e obviamente a resposta que queremos) estamos jogando no outro a responsabilidade pela nossa felicidade, você percebe o quão arriscado isso se torna? Não receber a resposta esperada sempre gerará uma frustração, ou uma mágoa, mas foi você que, num primeiro momento, deu ao outro um papel que ele não tinha.

As decepções acontecem e sempre fazemos a mesma coisa, reviramos aquele filme na nossa cabeça, pensando onde erramos, o que poderíamos ter feito diferente, se tivéssemos feito tal e tal coisa. Ok, você pensar em como pode melhorar como pessoa ou dentro de uma relação, nas suas atitudes nocivas,  mas não é ok continuar alimentando esse circulo vicioso em que você se responsabiliza pelas atitudes dos outros. Vamos virar essa chave? E aí vem o outro conceito chocante, prepare-se: Pare de querer controlar o incontrolável! 

Durma com essa amiguinho. Controlar o incontrolável é o que fazemos todos os dias, sem perceber, quando colocamos a nossa felicidade em prol de coisas que não podemos controlar. Não ficou claro?  Analise um pouco os momentos que lhe entristeceram nesta semana, ou que lhe tiraram do sério, eles dependiam somente de você ou dependiam do outro? Você podia ter feito algo melhor ou diferente para alcançar o esperado ou haviam muitos outros fatores que não estavam ao seu alcance? Não controlar o incontrolável não é se eximir do seu papel, pelo contrário, é sentir-se pleno e satisfeito quando você tem consciência de que deu o seu melhor, de que fez o que estava ao seu alcance e fica de bem com você mesmo por isso, sabendo que os próximos passos talvez não estejam na sua mão. Existe aí um papel fundamental de aceitação, de não sofrer em demasia quando as coisas não saem como o esperado, e mais ainda, de exercitar a criação das expectativas quando você não tem controle do que pode acontecer. Assimilar esses conceitos na prática pode ser muito mais difícil do que parece e vem acompanhado de um outro estado de espirito importantíssimo que é o despertar, sair do seu modo automático, buscar estar consciente do seus atos e também das suas reações cotidianas. Mas voltaremos a esses conceitos em um próximo texto! Comece a praticar o seu despertar!

slider-ocean-meditate1

ano novo e vida velha?

Depois de pular as ondinhas, comer as uvas, a lentilha,  escolher a cor da calcinha ou da cueca nova, passar e repassar aquela lista mental de coisas a fazer e metas a cumprir, é chegada a hora de encarar que o novo ano já começou e pensar em concretizar aquilo que antes eram apenas planos.  O melhor de iniciar um ano novo é se permitir virar a página e deixar realmente que o ano que acabou leve com ele algum projeto que não deu certo, um negócio que não foi adiante ou ideias que já não parecem estar de acordo com seu atual momento. Mas o que não podemos fazer é nos aproveitarmos desses ciclos como desculpa para a não conclusão dos nossos planos. Aquilo que você tanto imaginou para o seu ano precisa começar a ser construído hoje, com pequenos passos, mas com consistência para chegar onde você almeja.

O plano é trocar de emprego, mas a preguiça já veio antes de sequer começar a ler o currículo? Quer conhecer alguém novo, mas sua lista de filmes do Netflix está tão extensa que você poderia passar as próximas semanas sem sair de casa?

Prometeu um ano de menos consumismo, mas ainda hoje pretende dar uma passadinha no shopping para trocar uns presentes e ver as novidades? Anunciou a todos que seria mais organizado, mas não terminou de desfazer as malas e tem em cima da mesa uma coleção de contas a pagar?

Não importa quais foram as suas metas, ou se seus objetivos são grandes conquistas ou pequenas mudanças, assuma as rédeas nesse início de ano e pare de procrastinar! Seja prático, faça listas, anote suas prioridades, pense quais são os passos necessários para começar. Olhe todos os dias as suas anotações e veja quais foram os seus avanços, comemore os progressos, troque com outras pessoas que tem planos parecidos com os seus. Só não deixe que seu ano passe com um monte de “se” e coisas que poderiam ter sido feitas, mas não foram, porque você não se programou, não procurou, não começou, não fez.

Reconheça o seu poder diante da sua vida e faça a sua parte, e sobretudo observe suas atitudes, perceba se você está realmente se aproximando do que você quer, ou se você é daqueles que diz que quer emagrecer, mas só come em fast food; quer fazer viagens incríveis, mas sequer começou a pensar no destino; quer trocar de carro, mas não lembra nem de pagar o IPVA atual. É muito mais comum do que percebemos termos atitudes que nos afastam dos nossos sonhos, quando observamos os outros costuma ser fácil reconhecer essas falhas, mas o olhar para si mesmo é sempre um pouco mais difícil e requer certa prática. Por isso a importância de irmos devagar, passo a passo, percebendo o avanço e fazendo nossos ajustes quando necessário. Algumas vezes também será preciso relaxar e deixar a vida se encarregar de alguns detalhes, mas comece o ano reconhecendo a sua parte, assuma o seu papel no roteiro da sua vida, e se precisar, pare, reflita, e reescreva o próximo capítulo. new life chapter one

 

 

 

Uma vida de saudade

Há alguns anos atrás, quando me mudei para Barcelona para cursar minha pós graduação, me vangloriei muito para amigos e conhecidos de que havia conseguido manejar muito bem a minha saudade durante todo o tempo que estive fora.

Parte desse feito, se dava ao fato de eu me considerar privilegiada por estar tendo aquela experiência, eu estava realizando um sonho, eu tinha feito vários novos amigos, eu tinha um emprego, até mais de um, eu vivia coisas novas todos os dias. E, em algum cantinho escondido da minha mente estava a ideia de que tudo aquilo vivido ali era passageiro. A sensação de temporalidade, era para mim, como um baú, que eu podia abrir quando quisesse para renovar as minhas forças. “Passaria”, tudo ali passaria. Eu terminaria o curso, eu voltaria para casa, eu reencontraria meus amigos, minha família, até mesmo o namorado, do qual me separei antes de partir. E após retornar ao lar, eu realmente enchi a boca para falar que eu havia lidado tão bem com o afastamento, com a distância do meu lar.

Pois, eis que, cá estou novamente, longe de casa. Os quilômetros de separação agora são muito menores, assim como o tempo e o dinheiro necessários para um reencontro, só que o critério de temporalidade não existe mais. Eu não sei se um dia vou voltar, eu não sei para onde exatamente eu voltaria, e não sei se talvez não vá parar em algum lugar novo. Me dei por conta de que agora vivo num estado constante de uma vida de saudade. E vou ter que aprender a lidar a com isso.

As visitas serão mais frequentes, mas não se comparam à condição de quem tem o acesso rápido e fácil à comidinha da mamãe ou ao ombro do melhor amigo. Nunca se comparam à ligação que diz: “estou aqui embaixo, desce!”, ou a sair na rua sozinho, e logo cruzar com conhecidos e amigos pelo caminho. A reconhecer os lugares por onde passo, porque junto com eles vem uma lembrança. Nossa história no lugar se constrói de acordo com o tempo que passamos ali, e muitas vezes, é a história de uma vida inteira, de uma meia vida, talvez. Difícil abandonar tudo isso, difícil admitir que estamos na verdade construindo tudo de novo, no trabalho, em casa, conhecendo gente nova, e mais importante, tentando encontrar aquele seleto grupo com quem podemos contar em todas as horas.tumblr_static_artworks-000076154861-njl9da-original

É essa saudade que eu tenho que manejar agora, sentir a falta repentina de um lugar, de uma comida, de um membro da família que talvez eu nem visse com tanta frequência, mas que morava logo ali. Sentir falta daquele dia da semana reservado para o encontro das meninas, que hoje virou um grupo de WhatsApp. Sentir falta de sentar na frente da lareira e beber vinho com a minha mãe, de encontrar meu pai e meu irmão no “brique”, de pegar a freeway no domingo de manhã só para passar o dia no sítio. Algumas coisas não tem substituição, vão deixando pequenas lacunas que vão sendo preenchidas por novas descobertas, mas é como se fosse um quebra-cabeça, onde as peças não encaixam perfeitamente, você coloca algo ali na tentativa de ocupar um espaço, mas elas não tiram de você a sensação… de saudade.

 

p.s. Terminei de escrever esse texto e recebi de duas amigas diferentes a mesma crônica, que termina de explicar o que é a minha saudade!

Gentilezas

Assisti a um filme essa semana em que a protagonista dizia querer encontrar um cara que lhe proporcionasse viver algo como as cenas que ela tanto gostava dos filmes dos anos 80, aqueles gestos românticos que sempre encerravam os filmes e faziam parte do gran finale em que o mocinho finalmente ganhava o amor da sua musa ou se rendia aos amores dela.

Não me considero muito romântica, nunca sonhei em entrar de branco em uma igreja, e nem fui de esperar dos parceiros grandes declarações de amor ou coisas do tipo. Mas olhando para trás, me dei conta de que todos os caras que eu me interessei minimamente ou aqueles dos quais eu mais gostei, têm entre eles uma coisa em comum, que é exatamente as gentilezas e gestos bonitos que fizeram por mim ou para mim. Pode parecer piegas, mas são aquelas pequenas demonstrações que fazem você se sentir única em um determinado momento, um interesse puro em fazer algo por quem está ao seu lado com o único intuito de agradar.

Tampouco estou dizendo que esses caras, estavam realmente interessados em mim, alguns sim, alguns acredito que estavam só vivendo intensamente o momento, outros eram do tipo cafajeste, talvez esses, inclusive, sejam particularmente bons nisso, pois sabem o que podem ganhar de uma mulher ao tratá-la bem, ao fazê-la sentir-se especial. Muitas das vezes a gente se ilude, esperando ainda mais do outro, mas a verdade é que não há porque perder tempo e investir em alguém que já de início não faça nada para lhe agradar. Relações já são difíceis, a vida já é difícil e eu ainda vou ficar esperando que me ligue um cara que não foi capaz de me levar em casa, de abrir uma porta pra mim ou que deixou claro que não prestou atenção em nada do que eu disse há cinco minutos atrás, não, não, obrigada.

E ai eu fiz o meu retrospecto, admito, daqueles que eu considero de alguma forma especial, e o que me veio em mente foi uma porção de gestos atenciosos, um bilhetinho de despedida, uma passada no meu trabalho para um almoço no meio da semana, me preparar o café da manhã, tocar violão pra mim, me apresentar um lugar novo com a “minha cara”, comprar uma passagem para eu ir ao seu encontro, me fazer uma surpresa, lembrar da bebida ou da comida que eu gosto. Todos, da sua forma, me fizeram alguma gentileza, algo que naquele momento dizia: “minha atenção está em você”. E, convenhamos, faz muito bem pro ego e pra alma. E me desculpem rapazes, se eu nem sempre retribuí à altura as suas gentilezas, mas elas definitivamente garantiram a vocês um reconhecimento especial e coloriram mais os nossos momentos.

E dizem por aí que mulher é masoquista e gosta de sofrer, talvez seja porque algumas, depois de receberem certo tempo de dedicação, insistam demais em algo que já acabou, ou não percebam que receber alguns agrados no meio de muitos descasos e dispensas não é exatamente um sinal de uma relação equilibrada. Talvez queiram acreditar que os gestos sejam sinais de um grande amor, ou apenas não saibam diferenciar os cafajestes daqueles que estão realmente afim. Passamos por poucas e boas para melhorar a nossa percepção, mesmo assim, estamos todas sujeitas a cometer alguns enganos. Mas uma coisa eu posso afirmar pela classe feminina, e fica a dica para quem interessar, vamos sempre preferir uma única noite de atenção especial à um mês de monotonia. Vamos sempre preferir o cara “comum” que tem os olhos voltados para nós, ao galã que parece olhar através tentando ver seu próprio reflexo no espelho.

romance-for-two-300886